sábado, setembro 17, 2005

O Impertinente

Estava convencido que só havia uma coisa a fazer perante a mediocridade: ser cínico.
Primeiro tentou divulgar tamanha descoberta: podia ser que os outros reparassem no brilhantismo da coisa.
No entanto, viria a perceber que não existem bons intérpretes: nem para a mediocridade nem para o cinismo.
Depois veio o desencanto: se não existem bons intérpretes talvez não existam boas ideias.
Começou a dizer uns disparates pós-modernos sobre o fim da história e a fragmentação do self.
O resto já se adivinha: não existindo boas ideias talvez não existissem boas cabeças.

Daí à barbearia foi num instante: embora o barbeiro se tenha recusado a cortar-lhe a cabeça, ele fê-lo prometer que não lhe passaria um atestado de mediocridade.

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