sexta-feira, setembro 02, 2005

Dos relativismos culturais: beijar «ardorosamente» (2ª Parte)

"Não. Os xuar não se beijavam.
Recordou-se também de que, em certa ocasião, vira um garimpeiro acasalando com uma jíbara, uma pobre mulher que deambulava por entre os colonos e os aventureiros implorando uma golada de aguardente. Quem tivesse vontade puxava-a de parte e possuía-a. A pobre mulher, embrutecida pelo álcool, não tinha consciência do que estavam a fazer com ela. Dessa vez, o aventureiro montou-a na areia e procurou-lhe a boca com a sua.
A mulher reagiu como uma besta. Tirou o homem de cima dela, arremessou-lhe um punhado de areia para os olhos e desatou a vomitar com um nojo indissimulável.
Se beijar ardorosamente era isso, então o Paul do romance não passava de um porco."

Luís Sepúlveda in O Velho que Lia Romances de Amor

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