segunda-feira, janeiro 02, 2006

Oh Darling.

Estica o teu dedo magro de unhas bem arranjadas na direcção do interruptor do televisor, liga-o e põe a correr um DVD de um filme qualquer 100% "Some Like It Hot". Encosta-te confortavelmente contra o sofá, relaxa os músculos e pega na boquilha para fumares o teu cigarro, não leves pipocas, essas são para a ralé e tu estás no mais alto estatuto social, estás naquela posição em que toda a gente despreza até o próprio desprezo. Não queres saber de homens com pouco charme ou dinheiro. Só queres saber de jantares à luz das velas com jazz em música de fundo a ligar a entrada e o prato principal, oh darling, o jazz liga tudo, o jazz finge tudo.
Ah darling, a mim não me consegues fingir, tira a máscara de estilo que te tapa o rosto e vem para uma dessas ruas a subir (ou a descer), uma daquelas ruas com a lua a iluminar a passagem onde sempre sonhei fazer a declaração de amor mais simples e desprovida de estilo. Mas vem rápido, sabes bem a falta de paciência que eu tenho para estes assuntos oficiais em que tudo tem de ficar perfeito como naqueles filmes antigos que tu vês, onde tudo fica dito. Oh darling, faz-me esse favor e poderemos viver relativamente felizes para sempre.

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