quinta-feira, março 30, 2006

Tu cidade

Quero agarrar-me a esta cidade e marchar pelo rio adentro, ter a audácia de destruir ondas e partir barcos. Quero estar de vigília e perder-me no grito das gaivotas ao fim de tarde, gritar também eu, gritar o meu sangue. Quero ser guitarra, corda suada e batida, corda desnudada e amaciada. Trazes a minha tristeza dentro de ti, meu testemunho pedonal, meu lamento profundo, meu suspiro escondido no bolso pela mão cobarde. Agora, perdes-me em tuas ruas porque é isso que te peço. É isso que te suplico quando canso-me nas calçadas e esfolo-me nas lamas obscuras que tens. Abres-me a liberdade, porém desgastas-me contra as pedras sujas. Não é justo quando me dás espaço e eu corro, corro, corro enquanto tropeço nos sonhos, nas encruzilhadas, tantas e embaraçadas que não sei, não sei por onde seguir...quero ir até ao rio e ser gaivota para denunciar a tempestade na terra. Dá-me o teu mistério para que te conheça sem fim.

1 comentário:

Gil disse...

Hmmmmmmm