quinta-feira, setembro 23, 2010
sábado, setembro 11, 2010
e viveram felizes para sempre.
Era uma vez um príncipe que vivia fechado numa biblioteca. Vivia a sua vida agarrado aos livros que lhe contavam a sua própria história. Ele achava que não precisava de sair à rua. Os livros contavam como tudo iria acontecer, desde o nascimento predestinado até ao encontro da princesa encantada à espera de ser salva.
Num dos livros, o príncipe encantado enfrentava um enorme dragão. O dragão guardava uma masmorra infernal onde estava uma donzela encarcerada. O príncipe não a conhecia, mas sabia que aquela era a princesa que dormia nos seus sonhos. O príncipe estava tão entusiasmado com a história que começou a ler em voz alta: "O dragão faz uma investida feroz com a sua cauda, as escamas reluzentes à luz do fogo parecem aço chapeado. O príncipe desvia-se por pouco, ergue a espada e, de um só golpe, trespassa o peito do dragão, deixando a espada incrustada no coração do monstro. O dragão cai por terra, lança o seu último suspiro de fogo. O caminho está agora livre para o...". As últimas páginas estavam rasgadas. O príncipe ficou incrédulo, o fim da história tinha sido rasgado.
Cheio de raiva, o príncipe decide então sair da biblioteca para resgatar as folhas perdidas. O príncipe pega na sua espada, abre a porta da biblioteca, sai para a rua e fica especado diante da porta do seu castelo, contemplando o mundo à frente dos seus olhos. Ele, que vivia sozinho no castelo, deparava-se com um mundo parecido com aquele de que se lembrava ter lido nos livros. No entanto, conseguia achar algumas diferenças: a sociedade era agora formada por dragões, monstros organizados que habitavam as ruínas dos homens. Uma sociedade demasiado bem organizada, sem lugar para heróis.
Fim.
Num dos livros, o príncipe encantado enfrentava um enorme dragão. O dragão guardava uma masmorra infernal onde estava uma donzela encarcerada. O príncipe não a conhecia, mas sabia que aquela era a princesa que dormia nos seus sonhos. O príncipe estava tão entusiasmado com a história que começou a ler em voz alta: "O dragão faz uma investida feroz com a sua cauda, as escamas reluzentes à luz do fogo parecem aço chapeado. O príncipe desvia-se por pouco, ergue a espada e, de um só golpe, trespassa o peito do dragão, deixando a espada incrustada no coração do monstro. O dragão cai por terra, lança o seu último suspiro de fogo. O caminho está agora livre para o...". As últimas páginas estavam rasgadas. O príncipe ficou incrédulo, o fim da história tinha sido rasgado.
Cheio de raiva, o príncipe decide então sair da biblioteca para resgatar as folhas perdidas. O príncipe pega na sua espada, abre a porta da biblioteca, sai para a rua e fica especado diante da porta do seu castelo, contemplando o mundo à frente dos seus olhos. Ele, que vivia sozinho no castelo, deparava-se com um mundo parecido com aquele de que se lembrava ter lido nos livros. No entanto, conseguia achar algumas diferenças: a sociedade era agora formada por dragões, monstros organizados que habitavam as ruínas dos homens. Uma sociedade demasiado bem organizada, sem lugar para heróis.
Fim.
sexta-feira, setembro 10, 2010
sábado, agosto 28, 2010
esticão para a frente.
Os olhos dentro das minhas órbitas começam a ficar embaciados. Não se conseguem voltar para si próprios, vão ficando mais cansados. Eles que saiam das órbitas, eles que me tragam coisas novas. Eu fico bem sózinho, a sério. Sem olhos, quero ficar uns tempos sem olhos e sem ouvidos. Não aguento as expectativas dos sentidos. Os meus sentidos induzem-me sempre ao erro, não quero. À medida que os meus olhos vão ficando calcificados nas minhas órbitas, vou ficando também com menos certezas.
Adoro não ter certezas.
Adoro escrever textos originais e textos como este...
Calcificados.
Tempo, não voltes para trás e se vires que te puxam para trás, não te esqueças de dar o esticão que rebenta com o cordão de ouro mole.
Adoro não ter certezas.
Adoro escrever textos originais e textos como este...
Calcificados.
Tempo, não voltes para trás e se vires que te puxam para trás, não te esqueças de dar o esticão que rebenta com o cordão de ouro mole.
domingo, agosto 22, 2010
já estive lá.
Hoje cheguei a casa e não gostei de chegar a casa, porque era a minha casa. Senti-me preso, aliás, eu estou preso à minha própria vida. Nem deixo que ela respire e ela não deixa que eu próprio respire. Tudo acontece rápido e tudo fica a meio, nada acaba, tudo não se transforma, tudo fica simplesmente a meio.
A liberdade que eu pensava que tinha fica a meio.
Os meus pensamentos ficam a meio.
Eu fico a meio, quando o que realmente quero é ficar no meio e não sair de lá.
Vou voltar a comer Cerelac e puxar pelas minhas memórias afectivas do tempo em que eu era o centro do mundo.
sexta-feira, agosto 20, 2010
um dia atrás do outro.
Ando a pensar mudar de mundo, mas não consigo arranjar nenhum que fique em conta.
A solução pode muito bem ser enterrar a cabeça na areia.
Mas prefiro pensar que melhores dias virão.
Vou continuar a tomar banho todos os dias.
Seja o que Deus quiser.
(desculpem)
Seja o que eu quiser.
A solução pode muito bem ser enterrar a cabeça na areia.
Mas prefiro pensar que melhores dias virão.
Vou continuar a tomar banho todos os dias.
Seja o que Deus quiser.
(desculpem)
Seja o que eu quiser.
sábado, julho 31, 2010
enorme.
Engasgo-me no que quero realmente dizer porque o chão tem demasiados sulcos. Cada tropeço é uma ferida que fica para sempre. A ferida não se fecha sem um bela despedida, é daquelas que abre com o tempo. Agora está na altura de estancá-la por muito tempo, se calhar até para sempre. Está na altura de fazer o pino e ver se as mesas da minha sala caem em direcção ao tecto.
Espero conseguir desaparecer tão bem como tu fazes, começar do zero. Quero sacudir as mãos e ver que me livrei de mim. Pelo menos o bocado de mim que agarro nas minhas mãos. O bocado que és tu e que nunca há-de ser mais ninguém.
Há um fosso enorme entre nós os dois. Por mais que salte caio sempre. Agora já não quero saltar, bati demasiadas vezes com a cabeça e devo estar a perder a lucidez. A lucidez não me faz muita falta, o problema são os galos na cabeça.
Claro que não percebes que isto é para ti.
Agora só o vento... adeus.
Não, não é assim.
Espero conseguir desaparecer tão bem como tu fazes, começar do zero. Quero sacudir as mãos e ver que me livrei de mim. Pelo menos o bocado de mim que agarro nas minhas mãos. O bocado que és tu e que nunca há-de ser mais ninguém.
Há um fosso enorme entre nós os dois. Por mais que salte caio sempre. Agora já não quero saltar, bati demasiadas vezes com a cabeça e devo estar a perder a lucidez. A lucidez não me faz muita falta, o problema são os galos na cabeça.
Claro que não percebes que isto é para ti.
Agora só o vento... adeus.
Não, não é assim.
terça-feira, julho 27, 2010
pó
Ouves o comboio a passar? O chão estremece porque a linha fica mesmo encostada ao prédio. Por baixo fica um teatro enfiado no subsolo. Os projectores estão cheios de pó, já não iluminam nada, nem sequer as tábuas podres do palco. Uma vez bati com o pé num deles, fiquei com o dedo pequeno inchado durante semanas. Tu deste risadas enormes, dás sempre.
Nessa altura ainda me descalçava, tinha essa coragem. Agora tenho medo que os meus pés fiquem cheios de pó. Tenho medo de perder o brilho e ficar cozido debaixo deste Sol embaciado.
Agora estou a estalar os dedos para fazer tempo. Quero que te vás embora com o pó, por isso vou sacudindo o pouco que já tenho nas mãos.
Cada vez que o comboio passa e faz tremer a casa, vou ficando com mais pó sobre o meu corpo.
Não é que me importe, mas tenho medo de ficar cego.
Nessa altura ainda me descalçava, tinha essa coragem. Agora tenho medo que os meus pés fiquem cheios de pó. Tenho medo de perder o brilho e ficar cozido debaixo deste Sol embaciado.
Agora estou a estalar os dedos para fazer tempo. Quero que te vás embora com o pó, por isso vou sacudindo o pouco que já tenho nas mãos.
Cada vez que o comboio passa e faz tremer a casa, vou ficando com mais pó sobre o meu corpo.
Não é que me importe, mas tenho medo de ficar cego.
sexta-feira, julho 23, 2010
A terrivel tragédia do Semicontente (3)
O Semicontente não gosta de ser ele próprio.
Com tanto amor sente-se hiper-ventilado e ele não consegue viver só do ar.
Com tanto amor sente-se hiper-ventilado e ele não consegue viver só do ar.
segunda-feira, julho 19, 2010
fim.
Hoje acaba um ciclo, há uma certa felicidade à porta do precipício, à porta dos céus.
Mas também fica a sensação de angústia, a sensação de ruína de onde vamos erguer a nossa própria cidade.
Mas também fica a sensação de angústia, a sensação de ruína de onde vamos erguer a nossa própria cidade.
segunda-feira, julho 12, 2010
domingo, julho 11, 2010
quinta-feira, julho 08, 2010
felizmente.
Nunca fui à India.
Nunca fui a um concerto dos Radiohead.
Nunca fui à Lua.
Nunca chafurdei na lama.
Nunca caí de um décimo andar.
Nunca fiz o pino durante duas horas.
Nunca andei numa vespa.
Nunca mergulhei no Mar Vermelho.
Nunca cantei uma canção de amor a ninguém.
Nunca disse nada bonito ao meu cão.
Nunca morri por amor. (juro)
Nunca fiz dança clássica.
Nunca experimentei heroína.
Nunca dei a volta ao mundo.
Nunca gostei de pó.
Nunca suportei cheiro a lixo.
Nunca vivi na cidade.
Nunca me mascarei de gueixa.
Nunca fui presidente da república.
Nunca parti um prato na cabeça de alguém.
Nunca tive jeito para testes.
Nunca vi o meu esqueleto.
Quando ficar sem tempo, há-de ser para sempre.
domingo, julho 04, 2010
Homem!
Das cinzas queres ser um osso.
Um osso pode ligar muitos ossos e agarrar muita carne, muitos ossos prendem tendões.
Liberta os tendões dos ossos e cobre a pele de cinzas.
Não te esqueças das papoilas que nascem dos sovacos.
Coça as papoilas com as unhas que a carne segura.
Suja as unhas de terra e levanta a pele das cinzas.
Tenta não ser cadáver antes de o seres e pode ser que haja esperança.
Descansa Homem e roga a Deus por margaridas no teu Inverno.
Das cinzas queres ser um osso.
Um osso pode ligar muitos ossos e agarrar muita carne, muitos ossos prendem tendões.
Liberta os tendões dos ossos e cobre a pele de cinzas.
Não te esqueças das papoilas que nascem dos sovacos.
Coça as papoilas com as unhas que a carne segura.
Suja as unhas de terra e levanta a pele das cinzas.
Tenta não ser cadáver antes de o seres e pode ser que haja esperança.
Descansa Homem e roga a Deus por margaridas no teu Inverno.
quinta-feira, julho 01, 2010
quarta-feira, junho 30, 2010
recta final.
Hoje passei o dia inteiro acordado. Passei o dia todo sozinho e fartei-me de escrever.
O dia da estreia está próximo, as noites sem dormir começam a entrar em contagem crescente.
Qualquer coisa próxima do pânico instala-se num sítio do meu corpo que desconheço, mas que me incomoda muito.
O dia da estreia está próximo, as noites sem dormir começam a entrar em contagem crescente.
Qualquer coisa próxima do pânico instala-se num sítio do meu corpo que desconheço, mas que me incomoda muito.
segunda-feira, junho 28, 2010
sexta-feira, junho 25, 2010
terça-feira, junho 22, 2010
isto.
Cá nos encontramos outra vez neste recanto escuro, onde ninguém nos ouve por causa do silêncio.
O meu corpo está mais fraco, oxalá não dure muito mais tempo. As minhas noites são em branco e não quero dar este tempo por perdido. As cartas de amor já não me fazem cócegas, e a fé nas pessoas já a vejo ao longe. Se esticar o braço não chego a lado nenhum, mas provavelmente não me livrarei de o enfiar no traseiro do Todo Poderoso.
Detesto ter de viver com a frustração (se calhar é a mulher da minha vida e eu não sei) porque ela só me dá chatices. Hoje tive uma chatice, perguntaram-me se eu tinha autorização para entrar na minha própria casa. Era um homem velho e com uma verruga no nariz, um inútil. Queria ver até que ponto o aborreceria se lhe rebentasse a verruga com uma agulha de coser.
Hoje ainda não fui capaz de dizer uma verdade. Já fui ao médico tentar perceber o que se passa, ele disse-me para lá voltar se os meus tomates começassem a inchar, ficámos assim.
Tenho muitas coisas para fazer, coisas pesadas, coisas que me fazem ficar cada vez mais marreco. Falta-me coluna vertebral, falta-me coragem, falta-me vontade, falta-me convicção. Felizmente conto sempre com a minha amiga, a frustração, e também com as minhas pernas e os meus braços. Ando ver se arranjo trabalho para a cabeça, não está fácil: demasiada oferta.
Quando acordo belisco-me na esperança de adormecer até ao dia seguinte, mas isto parece não ter fim.
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