segunda-feira, dezembro 04, 2006

2ª interrogação de amor

Tenho dentes de cavalgada
E esfera armilar em fogo
agarrada às minhas mãos

Sou sangue em fervura
em ebulição esquecida
Posso apagar simplesmente?
Ser um ponto que morreu no passeio?

Já não sei o que foi de ti
Onde é que tu andas?
Na minha mente?
Estás longe, cada vez mais longe...

Já és um amargo na boca
Já perdi os dias e nem me interessa saber quantos foram
Pois, agora, regulo-me pelo meu tempo
Sei-o melhor

Tão cedo? Uma lembrança?
Afinal, parece simples.

É só apanhar os vestígios que, às vezes,vêm agarrados à roupa
É só diluir o pensamento cronometrado para o passado
para saber que ele não está aqui, agora
É só afastar a mão do corpo à procura dum poro
ainda em transe de prazer
É só esperar até deixar de esperar
É só deixar de ansiar nos órgãos, no dentro, no fora,
nos cabelos, nos braços, no corpo inteiro
É só deixar de imaginar casas de banho
É só deixar-me de vestir de leopardo para não poder atacar-te mais.

Afinal, parece simples.

Pobre coxa depenada
Sem pio
Ficaram as tuas plumas a curtir no ar
E eu, prostrei-me contra um tronco, bêbada, sem ti, cabrão.

2 comentários:

Gil disse...

Se tivesses pila enrabavas a florbela espanca!

Joana Guerra disse...

Como gosto de ler as tuas contribuições...obrigado pelo comentário (viril e feminino).