terça-feira, junho 13, 2006

Desmanchar

Sou roda que gira. Sou pedra que rola.
Sou sangue envenenado. Sou peão atropelado. Sou música e o eco na tua cabeça. Sou pombo depenado. Sou vagina e tenho duas coxas. Sou tempestade. Sou destruição e papel rasgado. Sou bailarina. Sou manca. Sou uma roda que trava. Sou uma pedra que parte. Sou abraço e a saia que enche. Sou literatura e a depravação dos copos. Sou obscenidade em cima da mesa quando rasgam a camisa. Sou tecla de piano batida furiosamente. Sou racionalmente desmanchada. Não consigo. Não consigo parar as veias que me mandam para a frente. Não consigo, mas quero! Quero abandonar este barco de amor e navegar em tábuas para naufragar até longe e encontrar uma ilha. Uma ilha...


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