sábado, abril 01, 2006

Sintoma (14): disfunção eréctil


Embora para alguns seja parte da solução, na propaganda médica contemporânea, a disfunção eréctil é parte do problema.
Quando o corpo deixa de estar à altura daquilo que lhe é exigido, tanto o diagnóstico como o tratamento se impõem com as garantias científicas do necessário e do incontornável.
Disfunção eréctil e medicação compulsiva são duas componentes do mesmo sistema de controlo social: a colonização médica-científica de todos os parâmetros da existência humana.

Por outro lado, tanto o diagnóstico como o tratamento parecem evocar aquilo que julgávamos em vias de extinção: a sexualidade falocêntrica e a ditadura das emoções.
A cumpulsividade sexual é reactualizada através dos comprimidos azuis.
E estes são o suporte material da calamidade pós-romântica: quando o princípio da performatividade unidimensional se sobrepõe a tudo o resto.

Todos os caminhos vão dar ao falo: em nome da técnica, da ciência, e de um certo estilo de vida, somos capazes de perpetuar o vazio, o absurdo, o inumano.
Haverá sexualidade que resista?

2 comentários:

Samuel Filipe disse...

não será apenas e tanto quanto possivel perpetuar o prazer?

Gil disse...

Mais vale ser fascista do que maricas!
Alessandra Mussolini