quinta-feira, novembro 25, 2010

memórias inventadas.


Muitas vezes tenho a tendência de criar memórias falsas. Dou por mim a ler livros e tomar os acontecimentos como meus. Esses acontecimentos ficam gravados na memória e eu passo dias inteiros a tentar repeti-las. As memórias da história, das revoluções que deixam as coisas tal como estão, das guerras entre homens de carne e osso. Quando penso nas minhas memórias chego a ver uma figura de barba branca, com um ar digno. Esta memória é de Deus, mas ao ver este homem, olho para os mendigos da rua que também têm barba branca, e penso que a razão para não fazerem a barba há-de ser muito diferente da de Deus. A partir daqui, invento as razões e tento repetir as memórias, na esperança de as poder viver um dia.

domingo, novembro 07, 2010

o que uma estação faz.

A mulher de óculos escuros passou por mim e disse bom dia. Lembro-me de a ver nos cartazes de campanha eleitoral para a junta de freguesia. Cartazes enormes com cabeças enormes e, atrás deles, uma legião enorme de apoiantes. Ao cruzar-me com estes deuses na rua, apercebo-me que o meu canivete suíço era capaz de lhes perfurar o coração. Nestes momentos, em que uma estação de comboios ainda me deixa a pensar nestas coisas, penso em mudar de casa.
Ah, é verdade, vou deixar de votar. Agora tenho que ir, vou apanhar o comboio na esperança de ser assolado por mais um pensamento genial. Esperem por novidades.