Outro dia entrei no elevador e o espelho estava desfeito em cacos no chão. Como bom cidadão que sou, sai do elevador e não avisei ninguém. Tive a leve impressão de que poderia ser acusado de ter partido o espelho.
A verdade é que nesse dia não me importei com o facto de o espelho estar partido. Mas agora, passadas duas semanas, o meu coração não aguenta a falta daquele espelho. Cada vez que saio de casa, tenho a sensação de estar desajeitado. A luz da minha casa de banho não me favorece tanto como a luz cinematográfica do elevador.
Na hora da passagem do leito para o confronto com a realidade, era aquele espelho que me sussurrava ao ouvido: “és o maior”. Agora tenho de me contentar com as montras reflectoras que vou encontrado nas ruas.
O meu ego anda instável com esta situação. E até tenho medo do novo espelho que "eles" vão lá pôr.
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