Vi um documentário sobre um homem de olhos grandes: Klaus. O homem era amigo do realizador. Quase irmãos de amor e de ódio. Cada frase do realizador conseguia definir o homem que Klaus era. A definição era dada pelo seu próprio contrário, como se o mal fosse a escrita que definia o bem. Havia uma forma de falar tão despojada neste realizador, um descuido e um rancor que era brutalmente comovedor. Se digo despojada digo directamente subtil, tal como as coisas subtis devem ser: secas e ressoantes. As coisas que Werner dizia de Klaus eram terriveis. Parecia que Klaus era um monstro e era isso que nos fazia acreditar nele como ser... humano.
No final, podemos escolher a melhor parte, a parte da borboleta que sempre voou nas entrelinhas do discurso desajeitado de dois irmãos. É desta maneira que te vou recordando. Esta borboleta aparece também entre as gotas da chuva, não se molha, e nós demoramos tempo a encontrá-la. A borboleta fica suspensa para sempre e nós achamos que isso é pouco.
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