segunda-feira, maio 31, 2010

as coisas que eu odeio (I)

Odeio filas de trânsito quando EU tenho pressa.
Odeio não perceber o que os outros dizem.
Odeio não perceber o que eu digo.
Odeio ter de rir sem vontade.
Odeio que me batam nas costas.
Odeio comprometer-me ao fim de semana.
Odeio peles nas unhas.
Odeio cortar o dedo numa brincadeira estupida.
Odeio quando não se riem das minhas piadas hilariantes.
Odeio estar a apaixonado.
Odeio não estar apaixonado.
Odeio não comandar uma conversa.
Odeio que se riam de mim.
Odeio sentir os boxers enfiados no rabo.
Odeio não poder fazer a esparregata.
Odeio ter de voltar a casa com a porta do comboio escancarada à espera que eu entre.
Odeio querer ser criativo e não ter ideias.
Odeio que os outros me vejam chorar.
Odeio perceber que o melhor da turma não sou eu.
Odeio beijar miúdas e perceber que o bigode delas me pica mais a mim, do que o meu lhes pica a elas.
Odeio casas com muita mobília. (cria pó)

to be continued...
Hoje, finalmente, posso dizer que algumas coisas começaram a correr bem. É melhor começar a tomar os comprimidos da expectativa.

domingo, maio 30, 2010

sms\livro

Estava a ler um sms no telemóvel ao mesmo tempo que lia um livro. Foi incrível a passagem de um suporte para o outro, tive a sensação de estar a ler um sms quando voltei ao livro. No livro dizia qualquer coisa como: “espero que não me interpretes mal!”. Ora isto fez-me\deu-me um friozinho na barriga, porque tinha acabado de receber uma mensagem a dizer: “perdes-te a oportunidade de me ver bêbeda” (?????)… será que isto é uma mensagem do divino?
Pois eu digo, do divino não será, mas lá que há coisas que uma pessoa fica à rasca, lá isso há!

sexta-feira, maio 28, 2010

Hoje disseram-me que, quando escrevemos, as emoções não interessam.
Se querem saber: eu também acho. (snif)

quinta-feira, maio 27, 2010

sobre aquela coisa que nós gostamos muito.

"Há sempre algo no teatro de que não gosto, porque o teatro é o contrário da vida; no entanto volto sempre a ele e amo-o, porque é o lugar onde posso dizer: isto não é vida."

Bernard-Marie Koltès

quarta-feira, maio 26, 2010

O mestre.

O mundo à minha volta está a dar o peido mestre.
E eu continuo firme.

segunda-feira, maio 24, 2010

ontem.

E agora a poesia está.
E agora estamos todos poéticos.
E agora estou.
Não quero saber do luar, só do que está debaixo dele.
Quero ver uma imagem e fazer parte dela.
Posso ser um filho morto, caído de cabeça pendurada, ao colo de uma mãe. Matrona que a natureza escolheu. Mãe dos guerreiros sem armas de metal. Mãe árvore que testemunha o círculo (quase) perfeito, círculo que nos devolve a vida enquanto os ramos se cansam.
E agora os filhos morrem nas palavras e vivem nas entre-linhas.
E agora estamos cada vez mais cheios de recordações e vazios de espirito.
E agora fechamos o parêntesis.
E agora?

quarta-feira, maio 19, 2010

esta é do João César Monteiro

"Cheira-me a carne humana, é um cheiro acre, não sei se gosto."

domingo, maio 16, 2010

dasse.

Ontem amolguei um carro e nem tive coragem para fugir.
Ando a perder qualidades.
(suspiro)

sábado, maio 15, 2010

uff

Odeio ter a batata quente de ter de desbloquear uma conversa.

quarta-feira, maio 12, 2010

rent a life.

Quero esconder-me num buraco, mas a vontade de o cavar é pouca.
Alguém o pode cavar por mim? Sim?
Alguém quer viver a minha vida?
O aluguer não é muito caro.
Agora a sério.

sábado, maio 08, 2010

Mein Liebster Fiend

Vi um documentário sobre um homem de olhos grandes: Klaus. O homem era amigo do realizador. Quase irmãos de amor e de ódio. Cada frase do realizador conseguia definir o homem que Klaus era. A definição era dada pelo seu próprio contrário, como se o mal fosse a escrita que definia o bem. Havia uma forma de falar tão despojada neste realizador, um descuido e um rancor que era brutalmente comovedor. Se digo despojada digo directamente subtil, tal como as coisas subtis devem ser: secas e ressoantes. As coisas que Werner dizia de Klaus eram terriveis. Parecia que Klaus era um monstro e era isso que nos fazia acreditar nele como ser... humano.
No final, podemos escolher a melhor parte, a parte da borboleta que sempre voou nas entrelinhas do discurso desajeitado de dois irmãos. É desta maneira que te vou recordando. Esta borboleta aparece também entre as gotas da chuva, não se molha, e nós demoramos tempo a encontrá-la. A borboleta fica suspensa para sempre e nós achamos que isso é pouco.

sábado, maio 01, 2010

Quem?

Então, não é assim que se faz.
Não tenho idade para saber como se faz.
Mas tens idade para fazer pouco de mim.
És um romântico.
Um quê?
Um romântico...
Tu não falas assim comigo.
Assim como?
Assado.
E cozido.
Porque é que falas por metáforas?
Porque é que cantas aquilo que não podes?
Diz-me lá para eu ir dar uma volta. A ver se eu vou.
E se não me contasses essas histórias todas. Sobre a escola. E o teu eu.
Eu... quem?
Aquele que não fala. Sabes?
Hm...
Vai pedir ajuda a outro. Sim? Alguém com paciência... de santo. António.
As tuas.
As minhas?
Coisas.
E o silêncio? Onde é que...
Onde?
Onde fica?
Ali ao ao fundo.
Não sou daqueles.
Que vão?
Ah sim, sou dos que vou indo.
Vou até ao fim do cu do Judas.
Como é que sabes onde fica o cu do Judas?
Jesus disse-me.
Quem?
Jesus, o que morreu na cruz. Alta.
Coitado. O que é que ele fez?
Judiarias.
Para saber onde é o cu do Judas, não dever ter feito boa coisa.
És um herege.
Um quê?
Um herege.
Ah, um herege. Qual é o problema?
É que... eu não sei quem foi Jesus.
Sei melhor quem foi o meu pai.
Acho que acredito mais no meu pai do que em Jesus.
Quem é o teu pai?
É o...
Ah!
Calma. Não fales assim do meu pai.
Sei lá quem foi o teu pai.
O meu pai era um travesti.
Um quê?
Um herege.