Sei as poças daqui. Sei os seus lugares indevidos e os seus humores de catástrofe. Mas não sabia que a chuva vinha de mim. Que havia sempre o outono em cada àrvore. Que a pressa era tão lenta como a queda de uma folha de um ramo alto. Sabia que não existiam anjos, mas homens e mulheres que voam. Não sabia que, afinal, tenho uma certeza: as casas. Trepava uma para ver o fim do mar, para ver como era ser longe. E era longe e não acabava no meu olhar. O silêncio dos telhados terminava na ponta dos meus dedos roídos e, nós, quedos perante uma imensidão que nos engolia. Eu preferia adormecer rocha, para quando o tempo devorar, eu permanecer matéria. Ou levantar-me falésia para ter o doce do mar a lavar-se em mim. Do alto, vi o meu coração pendurado por uma mola no estendal. A secar. Ainda a bombar sangue do nada. Menos um peso. Menos um coração. Para quê se me faz frio? Antes as minhas mãos com asas.
Antes que descesse para a escada, pensei no salto grande que teria de dar se quisesse pousar de pé. Tive de pensar no balanço e deixar que o meu corpo rompesse as minhas roupas e saltasse. Lá foi ele, entre a vertigem e os prédios. Cá de cima, ouvi um baque. Não! Um Bach que saiu-me monstro das mãos. Por instantes, tive de repetir o meu pensamento para coordenar-me no meio dos gestos que fazia horrorizada. Afinal, o destino poderia não ter fim. Tive de calar-me para que pudesse ouvir que ainda pisava o telhado, mas o meu corpo lá em baixo! Mas o meu corpo aberto para que todos vissem como eu era, para que todos vissem a minha beleza liquidada no chão. Para que todos vissem o coração que me faltava e que estava pendurado num estendal a secar.
Antes que descesse para a escada, pensei no salto grande que teria de dar se quisesse pousar de pé. Tive de pensar no balanço e deixar que o meu corpo rompesse as minhas roupas e saltasse. Lá foi ele, entre a vertigem e os prédios. Cá de cima, ouvi um baque. Não! Um Bach que saiu-me monstro das mãos. Por instantes, tive de repetir o meu pensamento para coordenar-me no meio dos gestos que fazia horrorizada. Afinal, o destino poderia não ter fim. Tive de calar-me para que pudesse ouvir que ainda pisava o telhado, mas o meu corpo lá em baixo! Mas o meu corpo aberto para que todos vissem como eu era, para que todos vissem a minha beleza liquidada no chão. Para que todos vissem o coração que me faltava e que estava pendurado num estendal a secar.
2 comentários:
sabes uma coisa, tenho escrito sozinha. E quando um dia escrevi publicamente, ninguém me foi ler! Quando escreves rodas um botão aqui dentro e sou por instantes uma caixinha de música cheia das tuas ideias loucas. Por isso, se quiseres ler umas tontices, deixo-te aqui a morada...
www.passarola-voadora.blogspot.com
um abraço da carapuço.
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