Sentaste-me à tua frente. Vi que havia um copo de vinho abandonado em cima da mesa. Senti-me seduzida pela sua cor quente e picante. De súbito, profetizei uma noite de sabores apaladados. Entre nós havia uma mesa e na mesa havia uma vela semi queimada semi não queimada. No meio de nós havia as palavras. Aliás, foi por causa disso que estava ali, naquela noite. Por causa das PALAVRAS. Assim, leste versos de um qualquer livro de poesia, de um autor que não me lembro, de um autor que conheço, mas não me lembro, de um autor que desconhecia e continuo a não saber o nome, mas sei os seus versos e, isso, acho que faria o poeta feliz. Na tua poesia, não tua, mas tão tua, tão aguçada nos teus lábios, tão acutilante nas pausas líricas, perdi os sentidos, não encontrei sentido nos versos, não encontrei o meu sentido, mas ouvi o desejo de beleza dos poemas, ouvi a Vida primitiva dos ritmos da linguagem. E bastou-me. Entretanto, já nem ligava ao escorpião que vagueava sobre as minhas mãos pousadas na mesa. Acho que lhe quis dar um pouco de açucar, mas o inútil recusou...pena a tua...que não tens penas...pensei que o dito escorpião já me deveria ter atacado com o seu veneno para solucionar aquela noite, mas ele estava incansável nas suas danças exóticas com as suas patas estranhas...eventualmente, acabei por desprezá-lo e fiquei a ouvir poesia.
1 comentário:
Ai joaninha, com essas maozinhas a escrever assim ate te sorvia os labios para que me desses um pouco da mescalina que por la se anda a passear!!
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