sexta-feira, abril 08, 2011

vai lá, estou mesmo atrás de ti, mas não por muito tempo.


Olha rapaz, pega na tua mala onde guardas tudo. Agora põe o que ainda não encontraste lá dentro. Eu levo uma tábua atrás de mim e vou contigo, não vou de mãos dadas contigo porque vamos para sítios diferentes. Eu coloquei o meu gravador de cassetes antigo dentro da mala. O gravador onde eu gravava entrevistas com os mais velhos quando era pequeno. A minha voz mudou, já não tenho aquela voz irritante, agora tenho uma voz boa que irrita. Deixei de ser uma cria para me tornar num bicho enorme que não cabe no ar que o rodeia. As mãos começam a disparar para vários lados. As pernas não se controlam e eu tiro a minha tábua da mochila, atiro-a ao ar, ela cai na minha cabeça e eu deixo de ver. Pego nos tomates podres que tenho no congelador e atiro-os da janela como se fossem pedras. Espero que eles caiam na cabeça de alguém. Tal como a tábua que me caiu em cima da cabeça. Não quero mais nada.

quarta-feira, abril 06, 2011


Olá o meu nome é aquele que tu já sabes. Achas que podíamos, por ventura, ir passear os sapatos?

já vos aconteceu?


Já vos aconteceu terem aquela sensação de querer dizer muitas coisas e não conseguir porque a quantidade de coisas vos entope a boca?
Já vos aconteceu precisarem de falar com uma pessoa e essa pessoa teimar em não aparecer sabe-se lá porquê?
Já vos aconteceu quererem evaporar-se, mas em vez disso sentirem que estão a ficar cada vez mais sólidos?
Já vos aconteceu terem os olhos a arder por aguentar as lágrimas?

A mim já.