As sementes nascem no duro ventre
e os pássaros morrem em pleno vôo
enquanto descaíam-se sobre si mesmos
e afligiam-se em vergonhas tão inocentes
Se a flor falasse em beleza
as suas pétalas não seriam mais como dedos de anjo
Se a flor vencesse a tempestade
deixaria de ser caule de lua
Se a flor não baloiçasse na brisa espontânea
não vestiria saias
Se a flor fosse grande
teria pé de criança sobre erva
Se eu florisse cada instante
e sempre pedisse o meu sol ao céu
e criasse espinho de pequena
não poderia ter lâmina
nem ser perdida
ter o meu canteiro
ser flor com pólen
para retirarem-no de mim
e espalhá-lo sobre meu solo
para sentir sempre doce
quinta-feira, dezembro 28, 2006
segunda-feira, dezembro 04, 2006
2ª interrogação de amor
Tenho dentes de cavalgada
E esfera armilar em fogo
agarrada às minhas mãos
Sou sangue em fervura
em ebulição esquecida
Posso apagar simplesmente?
Ser um ponto que morreu no passeio?
Já não sei o que foi de ti
Onde é que tu andas?
Na minha mente?
Estás longe, cada vez mais longe...
Já és um amargo na boca
Já perdi os dias e nem me interessa saber quantos foram
Pois, agora, regulo-me pelo meu tempo
Sei-o melhor
Tão cedo? Uma lembrança?
Afinal, parece simples.
É só apanhar os vestígios que, às vezes,vêm agarrados à roupa
É só diluir o pensamento cronometrado para o passado
para saber que ele não está aqui, agora
É só afastar a mão do corpo à procura dum poro
ainda em transe de prazer
É só esperar até deixar de esperar
É só deixar de ansiar nos órgãos, no dentro, no fora,
nos cabelos, nos braços, no corpo inteiro
É só deixar de imaginar casas de banho
É só deixar-me de vestir de leopardo para não poder atacar-te mais.
Afinal, parece simples.
Pobre coxa depenada
Sem pio
Ficaram as tuas plumas a curtir no ar
E eu, prostrei-me contra um tronco, bêbada, sem ti, cabrão.
E esfera armilar em fogo
agarrada às minhas mãos
Sou sangue em fervura
em ebulição esquecida
Posso apagar simplesmente?
Ser um ponto que morreu no passeio?
Já não sei o que foi de ti
Onde é que tu andas?
Na minha mente?
Estás longe, cada vez mais longe...
Já és um amargo na boca
Já perdi os dias e nem me interessa saber quantos foram
Pois, agora, regulo-me pelo meu tempo
Sei-o melhor
Tão cedo? Uma lembrança?
Afinal, parece simples.
É só apanhar os vestígios que, às vezes,vêm agarrados à roupa
É só diluir o pensamento cronometrado para o passado
para saber que ele não está aqui, agora
É só afastar a mão do corpo à procura dum poro
ainda em transe de prazer
É só esperar até deixar de esperar
É só deixar de ansiar nos órgãos, no dentro, no fora,
nos cabelos, nos braços, no corpo inteiro
É só deixar de imaginar casas de banho
É só deixar-me de vestir de leopardo para não poder atacar-te mais.
Afinal, parece simples.
Pobre coxa depenada
Sem pio
Ficaram as tuas plumas a curtir no ar
E eu, prostrei-me contra um tronco, bêbada, sem ti, cabrão.
domingo, dezembro 03, 2006
Urgência em ser burro.
Às vezes o actor tem de ser burro, às vezes precisa de pôr duas palas nos cantos dos olhos para se libertar, para não saber de nada, para ser burro de carga, daqueles que ainda não aprendeu o caminho de regresso a casa.
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