terça-feira, janeiro 25, 2011

onde.

Bem, de um ponto sai uma linha, certo? De outro ponto sai outra linha, estás a acompanhar-me? Ok, agora cada linha dirige-se para um ponto diferente. Uma dirige-se para um ponto onde a outra nunca há-de ir, a outra dirige-se para um ponto onde a outra gostava de ir. As linhas não são rectas e até existe um ponto onde elas se vão intersectar. Onde? Fugiu, espera, oops, lá vai a linha, muito prazer, mas eper...
Já não a vejo... à linha. 

segunda-feira, janeiro 24, 2011

nova referência.

Don't you think twice,
It's my only advice.


The Legendary Tigerman

quarta-feira, janeiro 19, 2011

dez lamúrias por gole.

Isto é só um copo
Eu não bebi de mais
Achei que era diferente
E são todas iguais
Escrevi canções sobre ela
Mil noites sem fim
Deixou-me neste bar
A cantá-las pra mim

Doce uhhh uhhhhhh uhhhhhh uhhhhhh uhhh

Eu bebo da garrafa
Tomo um gin de manhã
Se o principe era o sapo
Ela devia ser rã
Eu amo quem eu sei que não me vai amar
Mas só assim me dá vontade de cantar

Doce uhhh uhhhhhh uhhhhhh uhhhhhh uhhh

Mas a dor insiste
Não dá pra esquecer
Mas o peito insiste
E não a deixa morrer
E eu não vou deixar de beber
Como gin
E para estar sóbrio não basta
Só pensar em mim

Ah ah

Nao era isto qu’eu queria ser
E o que me deixa mal é o que me faz viver
Sinto a roupa fria e o corpo dorido
Sinto o cheiro a vinho mesmo sem ter bebido nada

uhhhh uhhhhhh uhhhhhh uhhhhhh uhhh

Isto é só um copo
A boca já me arde
O homem varre o chão e diz que já é tarde
“Senhor só (bon voyage) é hora de fechar”
A lua é a mulher que hoje vou abracar
Doce uhhhh uhhhhhh uhhhhh uhhhhh uhhhhhh

Manel Cruz - Ornatos Violeta

sexta-feira, janeiro 07, 2011

não é desta, mas podia ser


A verdade das coisas que ele procura estão sempre a escapar pelo meio das virilhas, das axilas e por entre os dedos das mãos e dos pés. Ele pontapeia o ar na esperança de acertar na coisa omnipresente que teima em não nos salvar. Há já algum tempo que ele não se interessava por pessoas, mas ainda assim ele continua desconfiado de que não será desta que consumará o elo entre os mundos de lá de fora e o dele. Raspa as unhas no vento sem que elas se desgastem demasiado, ainda precisa de as cortar, mas elas vão levantando até o ar gelar a carne. O meu reino por um corta unhas.  

terça-feira, janeiro 04, 2011

mas que.


Sabe, sabe ele o que tem de fazer, ele sabe. Não sabe muito bem como pode saber fazê-lo, não sabe que está a ficar fora de competição. Os treinos tardam em começar e ele vai enchendo a barriga de incerteza enquanto o tempo se afirma como a única coisa que está a passar-se. A passar-se dos carretos está o Semicontente que tarda em sair do semicontentamento. Do sítio onde está não há-de sair tão cedo porque o mar trouxe o frio, tal como o deserto de sal que o deixou de mãos a arder de tanto frio. Fecha os olhos como quem tira fotografias às meninas bonitas que tardam em aparecer tapadas por vestidos na cara e nuas do queixo aos pés. Hoje acordou escorreito sem qualquer tipo de guilhotina a cortar-lhe a genialidade. Guilhotina que tarda em aparecer sempre que é preciso fazer uma revolução contra os génios que nunca aparecem quando é preciso escrever frases que nos deixem exactamente como estamos. Estou a tentar usar a palavra “que” o mais que posso para que nada fique por dizer a não ser que o Semicontente queira deitar alguma coisa pela boca que não seja a sua língua inchada que já está flácida de tantos inchaços e de tanta baba que não é de camelo, é de dromedário que está à beira de um ataque de nervos que nem te passa pela cabeça que tu usas menos que é precisamente a que tens em cima daquilo a que chamamos pescoço. Que coisa.