quarta-feira, dezembro 08, 2010

queixo: o suporte.

À porta de um bar apareceu à minha frente o homem mais carocho que eu alguma vez vi. Pequeno, magro e não tinha dentes, ou pelo menos o bigode comprido não deixava ver o que restava deles. O queixo era muito saliente e dava a impressão de que suportava o bigode e o nariz. Os olhos dele estavam lá ao fundo, no lugar mais longinquo da órbita, quase que os não conseguia ver. Ele disse que queria um cigarrinho, que já não fumava um paiva há tótil e que o gajo que o meteu na droga devia ir apanhar no cú. Quando ele disse isto lembro-me de ter pensado: "esse gajo se calhar até gostava!". O bigodes olhou para mim como se tivesse ouvido os meus pensamentos. Ficou ali suspenso por momentos como se o cérebro dele estivesse em stand-by. Depois disse que a miúda sabia o que estava a fazer. Não sei o que pensei quando ele disse isto. Lembro-me de não querer olhar  para ela com medo de ver uns olhos iguais aos do homem. Toquei na minha cara e reparei que tinha dentes e não tinha bigode e o meu queixo estava no mesmo lugar de sempre, por debaixo da boca. Podia ser que ela também tivesse os olhos azuis no mesmo lugar de sempre, por debaixo das sobrancelhas.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

es-tra-do-s

Estrado, estradozinho és tão bonitinho! Quando é que rebentas para eu partir a cabecinha? Cabecinha cabeçona não ganhas para a tua dona que está a rebentar pelas custuras (por causa dos estrados). Os estrados tomaram o lugar do meu raciocinio e agora sou um corpo a flutuar nas palavras suportadas pelos cavaletes. Digo que sim aos teus e os teus tornam-se aquilo que não controlo. Não sou teu filho logo não és minha mãe. Penso logo não faço... demais. Logo vou ver se chove logo à noite. Runa rasga as resmas de estrados rastejantes. Estrados atrás de estrados e eu... eu estou entalado. Doi-me o pé e a garganta. Farpas.

Estão a ver?