quarta-feira, junho 30, 2010

recta final.

Hoje passei o dia inteiro acordado. Passei o dia todo sozinho e fartei-me de escrever.
O dia da estreia está próximo, as noites sem dormir começam a entrar em contagem crescente.
Qualquer coisa próxima do pânico instala-se num sítio do meu corpo que desconheço, mas que me incomoda muito.

segunda-feira, junho 28, 2010

Eu quero ser uma polaca.

sexta-feira, junho 25, 2010

Já me aconteceu ser oportuno por ficar calado.
Mas foi só uma vez, de resto...

terça-feira, junho 22, 2010

isto.

Cá nos encontramos outra vez neste recanto escuro, onde ninguém nos ouve por causa do silêncio.
O meu corpo está mais fraco, oxalá não dure muito mais tempo. As minhas noites são em branco e não quero dar este tempo por perdido. As cartas de amor já não me fazem cócegas, e a fé nas pessoas já a vejo ao longe. Se esticar o braço não chego a lado nenhum, mas provavelmente não me livrarei de o enfiar no traseiro do Todo Poderoso.
Detesto ter de viver com a frustração (se calhar é a mulher da minha vida e eu não sei) porque ela só me dá chatices. Hoje tive uma chatice, perguntaram-me se eu tinha autorização para entrar na minha própria casa. Era um homem velho e com uma verruga no nariz, um inútil. Queria ver até que ponto o aborreceria se lhe rebentasse a verruga com uma agulha de coser.
Hoje ainda não fui capaz de dizer uma verdade. Já fui ao médico tentar perceber o que se passa, ele disse-me para lá voltar se os meus tomates começassem a inchar, ficámos assim.
Tenho muitas coisas para fazer, coisas pesadas, coisas que me fazem ficar cada vez mais marreco. Falta-me coluna vertebral, falta-me coragem, falta-me vontade, falta-me convicção. Felizmente conto sempre com a minha amiga, a frustração, e também com as minhas pernas e os meus braços. Ando ver se arranjo trabalho para a cabeça, não está fácil: demasiada oferta.
Quando acordo belisco-me na esperança de adormecer até ao dia seguinte, mas isto parece não ter fim.

domingo, junho 20, 2010

Espera!

Não me apetece mandar sms às pessoas que quero encontrar.
Tenho medo de as não encontrar por acaso.

quinta-feira, junho 17, 2010

Christmas card from a hooker in Minneapolis.

hey Charley I'm pregnant
and living on 9-th street
right above a dirty bookstore
off cuclid avenue
and I stopped taking dope
and I quit drinking whiskey
and my old man plays the trombone
and works out at the track.

and he says that he loves me
even though its not his baby
and he says that he'll raise him up
like he would his own son
and he gave me a ring
that was worn by his mother
and he takes me out dancin
every saturday night.

and hey Charley I think about you
everytime I pass a fillin' station
on account of all the grease
you used to wear in your hair
and I still have that record
of little anthony & the imperials
but someone stole my record player
how do you like that?

hey Charley I almost went crazy
after mario got busted
so I went back to omaha to
live with my folks
but everyone I used to know
was either dead or in prison
so I came back in minneapolis
this time I think I'm gonna stay.


hey Charley I think I'm happy
for the first time since my accident
and I wish I had all the money
that we used to spend on dope
I'd buy me a used car lot
and I wouldn't sell any of em
I'd just drive a different car
every day dependin on how
I feel.

hey Charley
for chrissakes
do you want to know
the truth of it?

I don't have a husband
he don't play the trombone
and I need to borrow money
to pay this lawyer
and Charley, hey
I'll be eligible for parole
come valentines day.

Tom Waits

quarta-feira, junho 16, 2010

A terrível tragédia do Semicontente (2).

O Semicontente confessa que as metáforas sempre o ajudaram a dizer a verdade, mas nunca o livraram do confronto com a realidade.
O Semicontente sabe que as metáforas silênciam os gritos da guerra, mas nem por isso ela se torna menos dolorosa.
O Semicontente vê tudo a desmoronar-se... em câmara lenta.
O Semicontente fica-se pelas metáforas.
Boa Noite Berlim.
Sem Registo, agora também para Anónimos.

terça-feira, junho 15, 2010

audição\intuição

Hoje fui a uma audição para uma peça de teatro. Foi muito engraçado e até teve direito a contracena com outros candidatos. Bem, no fim o encenador disse-nos: “de vocês todos só vai ser escolhido um, e essa escolha vai corresponder a uma intuição minha, mais nada. Porque já tenho uma imagem do espectáculo.”

Desde esse momento, deixei de confiar nas intuições dos outros.

domingo, junho 13, 2010

Gosto daquela ficção que nos conta verdade.

O Extravagante (8) - O Fim.

O Extravagante estava à mesa do jantar com a mulher. Toda a vida viveram juntos.
Ela dizia-lhe que ele só sabia incomodar as pessoas e que estava na altura de voltarem para casa. O Extravagante bateu com a mão na mesa, gritou, e com as poucas forças que lhe faltavam Ele disse: Eu só quero que ninguém me chateie.
A mulher calou-se, o velho Extravagante estava fraco e o seu fim estava próximo. A mulher perguntou-lhe se podia ir dormir, Ele não respondeu. Foi nesse momento que o Extravagante percebeu que estava a desenvolver um certo desprezo pelo próximo. Não fazia isto por mal, fazia mesmo por necessidade.
Um dia conheci este Extravagante, não era mau, só não tinha a certeza de gostar de pessoas.

sábado, junho 12, 2010

independência, força, manifesto

Já há muito tempo que não te via, e ainda bem. Ainda bem que este tempo todo passou. Lembras-te da última vez que estivemos juntos? Cheirava a salão de baile.
No ínicio de cada baile entravam sempre as bailarinas que sabiam dançar. Lembro-me tão bem das sapatilhas rotas que elas usavam. Eu ria-me sempre quando entrava a bailarina gorda, sempre com o dedo grande do pé à mostra. Ela era enorme. Lembras-te?
Passaram-se anos e tu estás igual. As tuas mãos ainda têm o mesmo tamanho. Fico muito contente por não me ter cruzado contigo durante todos estes anos, não queria passar estes anos todos a conter as minhas gargalhadas.
Sabes, tenho muita vontade de me rir das tuas piadas, mas não te quero habituar mal. Rir-me do que tu dizes é demasiado perigoso e passar por perigos é sempre uma chatice. Chego a morder o lábio para não me rir. Estás a ver? Comecei a sangrar, este tipo de coisas não se faz com sorriso na cara.
O mais fácil era tu transformares-te em nuvem, não olho para o céu assim tantas vezes. Assim era mais fácil do que andar para aqui a morder o lábio.
Vou contar-te um segredo: tenho medo do céu, tenho medo que seja muito diferente da minha casa; a minha casa é feia e tu és bem capaz de ter sido a coisa menos tosca que por lá andou.


(ando à espera que estas coisas me aconteçam a mim e deixem de ser ficção)

quinta-feira, junho 10, 2010

No outro dia, conheci uma rapariga com os olhos enormes, daqueles que nos engolem à primeira vista.

quarta-feira, junho 09, 2010

O meu confronto com a realidade está a ficar cada vez mais violento.
Salvem-me\te\nos.

segunda-feira, junho 07, 2010

a melhor montra era o meu elevador.

Outro dia entrei no elevador e o espelho estava desfeito em cacos no chão. Como bom cidadão que sou, sai do elevador e não avisei ninguém. Tive a leve impressão de que poderia ser acusado de ter partido o espelho.
A verdade é que nesse dia não me importei com o facto de o espelho estar partido. Mas agora, passadas duas semanas, o meu coração não aguenta a falta daquele espelho. Cada vez que saio de casa, tenho a sensação de estar desajeitado. A luz da minha casa de banho não me favorece tanto como a luz cinematográfica do elevador.
Na hora da passagem do leito para o confronto com a realidade, era aquele espelho que me sussurrava ao ouvido: “és o maior”. Agora tenho de me contentar com as montras reflectoras que vou encontrado nas ruas.
O meu ego anda instável com esta situação. E até tenho medo do novo espelho que "eles" vão lá pôr.

domingo, junho 06, 2010

seitan.

Fui a Coimbra, já não ia lá para cima de um ano. Contra tudo o que eu esperava\desejava, fomos a um restaurante biológico. Da lista, o bife de seitan com molho de pimenta parecia-me o mais próximo de um petisco da Portugália. Pedi então essa substância a que "eles" chamam seitan.
Devo dizer que a minha expectativa quanto à virilidade daquele bife era pouca. Não me desiludiu e até me surpreendeu. Para já, olhei para ele e quase me pareceu uma bela i
entremeada com um coirato bastante convidativo. Depois, o molho de pimenta fazia lembrar os melhores molhos das clássicas cervejarias. Finalmente, é importante referir o enjoo tremendo que aquilo me provocou: algo digno, até agora, das grandes feijoadas.

quinta-feira, junho 03, 2010

Acção de rua.

O céu é o limite, Dínamo.