quarta-feira, julho 26, 2006

É disto que eu gosto.

Paris, Texas de Win Wenders.

Rai's partam...

Não fosse a monarquia e não tinhamos de substituir o rei.
Não fosse a monarquia e eu ía ao andanças.

domingo, julho 16, 2006

Ainda há madames!

Histórias, histórias, são precisas histórias. A M;adame Berra não passa sem o chá e sem os biscotinhos e, é por vezes, impertinente. Mas que se vai fazer àquele riso irritante? A madame risse por tudo e por nada e abre bem a boca para que se veja o dente dourado: herança de família. Só é melhor não dar o bolo de chocolate porque é sempre uma sessão de cuspir e apanhar do chão e pedir desculpas discretas. Só os biscoitinhos, que até ficam bem em cima da mesa. Faz um arranjo elegante. Madame Berra trará uma nova história e a sua cara gorda vai contorcer-se de expressões maquiavélicas e horrendas, só que ela não se dá conta de tal. As bochechas rosadas enaltecem o seu rosto rechonchudo e parece que ela vai asfixiar dentro daquele colarinho bem passado e bem apertado. Espero o momento do ataque, quando a senhora cair da cadeira para trás e as suas pernas ficarem rígidas e fazerem aquele movimento cómico em que se cai duro que nem uma pedra no chão. Madame Berra grita, às vezes. Mas, para ela, não são gritos. Lá vinha uma história. Histórias sobre nada. Afinal, nem sei bem o que ela contava, mas ouvi-a. Aliás, se calhar, nunca ouvi uma história, pois se me pedissem para reproduzir uma das centenas, não me lembraria de nenhuma. Mas sei que ela contava muitas histórias. E via os pedaços de biscoito a esvoaçarem no ar e a cairem em cima do gato que, seguidamente, desviava-se irritado. Também ele já sabia como era.
O seu marido enchia-se de tremores na cabeça. Ficava estarrecido na cadeira e sorvia o chá. É um homem que mexe o bigode de um lado para o outro de modo enérgico. Parece que faz cálculos complicadíssimos na sua cabeça e que aquele tique é uma reacção neuro-cerebral. Comporta-se elegantemente, mas a sua conduta elevada, de todas as vezes, vai amolecendo em cada encontro. Vai-se desleixando nas falas e até consegue ser satírico e surpreender os conversadores. Sempre achei que havia ali um génio a ferver. Pode ser que não haja. Mas algo está lá e, ainda por cima, ele ainda consegue ouvir as histórias de Madame Berra. Ou, se calhar, como eu, ele também nunca as ouviu. Mas acho que sim, que já ouviu, pois eles já se amaram.
Madame Berra, é preciso que encha esta sala com o seu estomâgo que parece estar grávido de grandes maçãs e venha contar histórias. Brilhantina não se importa com o seu perfume, já não mais. A Brilhantina também tem os seus vestidos vermelhos e os saltos altos e até tem um vestido que é às bolas vermelhas sobre fundo branco. Disse-me para ter cuidado com as mulheres que pintam os lábios de vermelho pois era para disfarçar as marcas do sangue que chupam. Assustei-me com aquele facto que desconhecia na minha vida. Mulheres com lábios vermelhos, mas que cheiram bem tornaram-se um tabu para mim. Qualquer dia peço a uma para me sugar e acaba-se logo com isto. Brilhantina é maliciosa e não tem uma paciência muito bem comportada. Também ela usa batôn vermelho e daí eu nunca a chateio, mas sei que a mim ela não me faz mal. Mas temo pela Madame Berra. Aliás, já se atrasou. Mas como? A Madame nunca se atrasa.

sexta-feira, julho 14, 2006

Pode ser aqui

Sentemo-nos no parapeito da janela, entre as bisnagas de brincar e a queda interminável. Se somos bandidos temos de escusar convites e vamos roubar corações. Dentro da rua da morte há muitas escadas e sangue em garrafas para nos lembrar a gota que alimenta. Dentro de ti há filhos que querem nascer e destruir-te. Querem rasgar a tua pele e saquear velhos e porcos nojentos e castrar violadores. De dentro de mim, vigiam-me. Os assassinos estão dentro de mim.
Se dormir, o dia vai custar a vir. Já perdi os meus pés, mas posso ir ao teu colo e vou-te contando histórias felizes ao ouvido e vou avisar-te que se eu pudesse matar já me tinha morto. Então, atravessemos a rua em silêncio, mas, antes, quero dar-te uma flor. É de plástico e veio da peça de teatro. Era sobre russos em combustão num teatro ambulante dentro do teatro onde eu estava sentada. Guardei a pequena flor branca para não esquecer a outra realidade, a dos russos que estão longe e que não vejo. Pode ser que do outro lado da rua seja mais claro, mas caminhemos em frente.

domingo, julho 02, 2006

Algo está podre no reino...

de William Shakespeare
encenação de Rui Mário

Autoria: William Shakespeare Encenação: Rui Mário Música Original: Pedro Hilário Interpretação: António Pedro Faria, Flávio Tomé, Filipe Araújo, Hugo Samora, Inês Pereira, João Mais, João Vicente, Paulo Cintrão, Rute Lizardo, Samuel Saraiva Cenografia/Adereços: Silvia Silva Desenho de Luz: José Miguel Antunes Figurinos: Flávio Tomé, Pedro Marques Costureira: Madalena Cabeças Luminotécnia: António Dionisio, José Miguel Antunes Designer Gráfico/Web: Pedro Marques Fotografia: Agência Zero Montagem: Luis Dias , Gonçalo Africano, Nuno Teixeira Direcção de Produção: Marco Martin

6 de Julho a 9 de Setembro
Quinta a Sábado: 22h
Domingos: 20h

Quinta da Regaleira - Sintra
Pelo Teatro Tapafuros

Mais informações: http://www.tapafuros.com/

sábado, julho 01, 2006

Uma mensagem do Imperador

再見 丹尼爾 (Goodbye Daniel) 我們很快將看見您 (veremo-nos em breve) 帶來啤酒 (traz cerveja) 並且輾壓紙 (e mortalhas).